As crianças e
os adolescentes brasileiros estão trocando o consumo de água e leite por
bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos industrializados ou em pó - o
que têm aumentado consideravelmente os casos de obesidade infantil, além dos
riscos para o desenvolvimento de doenças antes observadas em adultos, como
diabetes tipo 2 e hipertensão. A constatação - que reforça a necessidade de
mudanças de hábitos alimentares - está no primeiro estudo epidemiológico
brasileiro que avaliou o consumo de bebidas entre crianças e adolescentes de 3
a 17 anos em cinco capitais: São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte e
Recife. A pesquisa, desenvolvida por pesquisadores da Faculdade de Saúde
Pública da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e do Instituto da Criança do
HC, foi publicada no BMC Public Health.
O Ministério da Saúde considera a
obesidade infantil uma epidemia. Os dados mais recentes (referentes a 2009)
indicam que uma em cada três crianças brasileiras entre 5 e 9 anos está acima
do peso ou obesa.
Os resultados da pesquisa são
alarmantes. Mostram que, além de o leite e a água praticamente desaparecerem da
dieta dos jovens, na média geral, as crianças e os adolescentes consomem cerca
de 21 quilos de açúcar por ano só considerando as bebidas. A pesquisa indica,
por exemplo, que um adolescente de 11 a 17 anos ingere cerca de 26 quilos de
açúcar por ano com as bebidas - quase 45% a mais do que ele poderia consumir no
período (18 quilos), considerando o açúcar presente em todo tipo de alimento,
não apenas nas bebidas.
"Estamos vivendo um fenômeno
universal de aumento dos casos de sobrepeso e obesidade infantil. No Brasil,
isso vem se acentuando nos últimos 20 anos, especialmente em decorrência da
maior oferta de alimentos e das melhores condições econômicas das famílias",
diz Cláudio Leone, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP e um dos
autores do estudo.
Segundo o professor, muitas famílias
substituem o refrigerante por sucos industrializados por considerarem mais
saudável, sem ter idéia de que esse tipo de produto muitas vezes tem tanto
açúcar ou mais do que uma latinha de refrigerante. "As mães acham que o
fato de ter uma fruta estampada na embalagem significa que é saudável",
diz.
As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
"A presente orientação não dispensa o atendimento presencial com um nutricionista".
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