As gorduras
saturadas da manteiga, do queijo e da carne vermelha não são tão prejudiciais
para o coração como se pensava até agora, de acordo com um estudo publicado
nesta quarta-feira (23) na revista médica British Medical Journal.
A
pesquisa foi coordenada por Aseem Malhotra, um dos cardiologistas mais
prestigiados do Reino Unido e especialista do hospital universitário de
Croydon, em Londres.
Segundo
o especialista, as pessoas consomem todo tipo de produtos desnatados pensando
que são melhores para a saúde e que ajudarão a perder peso, mas que, na
realidade, muitos deles contêm grandes quantidades de açúcares acrescentados.
A
explicação é que a indústria alimentícia substitui as gorduras eliminadas nos
alimentos por açúcares e adoçantes, já que a comida livre de gordura não é tão
saborosa, acrescentou Malhotra.
No
entanto, acrescenta o especialista, é necessário diferenciar as chamadas
"gorduras trans" (encontradas em fast food, produtos de confeitaria e
margarina), que são prejudiciais, e as gorduras do leite, do queijo e da carne,
que não são ruins para a saúde.
Para
isso, o cardiologista recomenda que as pessoas com risco de sofrer doenças
cardiovasculares façam uma dieta mediterrânea rica em peixes oleosos, azeite de
oliva, verduras e frutos secos.
"É
hora de romper o mito do papel das gorduras saturadas nas doenças do coração
que esteve presente na indicação dietética e nas recomendações nutricionais
durante quase quatro décadas", afirmou Malhotra.
A
teoria foi respaldada por outros especialistas como David Haslam, chefe do
Fórum Nacional sobre a Obesidade, que afirmou que a evidência científica está
demonstrando atualmente que os carboidratos refinados e o açúcar são na
realidade os culpados pelo aumento da gordura no sangue.
Timothy
Noakes, professor de ciências do esporte e da atividade física na Universidade
da Cidade do Cabo, acrescentou que "o pior erro médico de nossa época foi
considerar a alta concentração de colesterol no sangue como a causa exclusiva
da doença cardíaca coronária".
Em seu artigo,
Malhotra afirma que o consumo de produtos com pouca gordura
"paradoxalmente" aumentou o risco de ter doenças cardiovasculares.
O especialista
criticou a "obsessão" médica com os níveis de colesterol, que levou
milhões de pessoas a tomarem muitos remédios com estatinas para reduzir a
quantidade de gorduras prejudiciais no sangue.
"A presente orientação não dispensa o atendimento presencial com um nutricionista".